Augusto Aras, o exterminador-geral da Lava Jato Augusto Aras, o exterminador-geral da Lava Jato
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Augusto Aras, o exterminador-geral da Lava Jato

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4 minutos de leitura 31.12.2020 10:00 comentários
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Augusto Aras, o exterminador-geral da Lava Jato

Em setembro de 2020, Augusto Aras completou um ano à frente da Procuradoria-Geral da República. Nesse período, o PGR não poupou esforços para blindar Jair Bolsonaro e destruir a Lava Jato...

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Augusto Aras, o exterminador-geral da Lava Jato
Foto: Adriano Machado/Crusoé

Em setembro de 2020, Augusto Aras completou um ano à frente da Procuradoria-Geral da República. Nesse período, o PGR não poupou esforços para blindar Jair Bolsonaro e destruir a Lava Jato.

Em julho, Aras escancarou em live com advogados lulistas sua intenção de acabar com a força-tarefa: “Agora é a hora de corrigir os rumos para que o lavajatismo não perdure.”

O PGR disse na videoconferência que a força-tarefa de Curitiba era uma “caixa de segredos” e acusou os procuradores de usarem dados sigilosos de 38 mil pessoas para “chantagem, bisbilhotice e extorsão”, sem apresentar qualquer prova dos supostos crimes.

Os ataques de Aras ao Ministério Público não passaram incólume. Numa reunião do Conselho Superior do MPF, destinada à discussão do orçamento para 2021, o PGR foi duramente críticado pelos colegas. Histérico, Aras disse que não aceitaria um “ato político” na sessão e atacou diretamente os subprocuradores, acusando-os de produzir fake news contra ele e sua família. E abandonou a sessão.

No dia seguinte, em videoconferência com senadores, o PGR repetiu os ataques à Lava Jato.

A missão de sufocar a operação ficou bastante evidente com a visita surpresa da subprocuradora-geral Lindôra Araújo, braço-direito de Aras na PGR, a Curitiba. Sem justificativa, Lindôra mandou que os procuradores lhe dessem acesso ao arquivos da Lava Jato. Diante da recusa, fez um escândalo.

Depois de uma disputa judicial, com a intervenção de Dias Toffoli e Edson Fachin, a PGR acabou conseguindo copiar os arquivos, atropelando o texto constitucional e as leis. Com medidas administrativas sorrateiras, Aras também conseguiu esvaziar as forças-tarefa e decretou o fim de um modelo de sucesso no combate ao crime.

Ainda em 2020, Deltan Dallagnol, acossado por Aras e pelo CNMP, deixou o comando da Lava Jato no Paraná por razões pessoais. No dia seguinte, todos os sete procuradores da força-tarefa de São Paulo pediram demissão coletiva, expondo as manobras da procuradora Viviane Martinez, indicada por Aras.

Viviane assumiu o posto de coordenadora em março. Dois meses depois, enviou a Aras um relatório levantando suspeitas de que não haveria “livre distribuição” de processos na Lava Jato. A denúncia levou Aras a voltar a atacar publicamente a força-tarefa.

Também em setembro, o procurador Anselmo Lopes, que coordenava a força-tarefa da Greenfield desde o início, anunciou sua saída, por absoluta falta de apoio institucional. Em seu lugar, o PGR colocou o procurador Celso Três, um crítico do modelo da Lava Jato.

De olho numa vaga no Supremo, Aras também trabalhou para proteger Bolsonaro. Sugeriu ao Supremo, por exemplo, o arquivamento de representações contra o presidente por sua insistência em sabotar as medidas contra a pandemia de Covid-19. Também ignorou apelos que sugeriram ações para coibir o comportamento irresponsável do presidente.

O Antagonista apurou ainda que Aras estava pronto para arquivar o inquérito sobre a suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal. Mas foi obrigado a manter a investigação aberta diante da repercussão do caso envolvendo o vídeo da reunião ministerial do dia 22.

O PGR defendeu no Supremo o dossiê sobre servidores públicos antifascistas produzido pelo ministro da Justiça, André Mendonça. Segundo ele, “um alarme falso, um exagero.

Quando pediu a apuração das manifestações antidemocráticas lideradas por bolsonaristas, Aras teve o cuidado de deixar o presidente de fora da investigação. Bolsonaro participou de vários desses atos.

Em setembro, a PGR pediu ao STF para rejeitar uma denúncia que a própria Procuradoria apresentara em junho contra o deputado Arthur Lira (Progressistas), o candidato de Bolsonaro para suceder Rodrigo Maia.

Além de exterminador da Lava Jato, Aras passou a ser chamado de “Procurador-Geral de Bolsonaro“, conforme a pichação que apareceu em frente à sede da PGR, em Brasília.

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