Bia Kicis, a "deputada mãe do voto impresso"; Confira Bia Kicis, a "deputada mãe do voto impresso"; Confira
O Antagonista

Bia Kicis, a “mãe do voto impresso”

avatar
Redação O Antagonista
6 minutos de leitura 20.12.2021 09:00 comentários
Brasil

Bia Kicis, a “mãe do voto impresso”

Em 2021, a deputada Bia Kicis cumpriu a função que lhe foi estabelecida pelo governo no comando da CCJ e fez de tudo para favorecer Jair Bolsonaro. Ao mesmo tempo, a parlamentar, que a princípio não tinha o apoio do Centrão, mostrou-se bastante flexível e capaz de atender aos interesses do grupo. Kicis continuou a apoiar as manifestações golpistas do presidente e em seus atentados contra a saúde pública...  

avatar
Redação O Antagonista
6 minutos de leitura 20.12.2021 09:00 comentários 0
Bia Kicis, a “mãe do voto impresso”
Foto: Monumental Foto/PSL

Em 2021, a deputada Bia Kicis cumpriu a função que lhe foi estabelecida pelo governo no comando da CCJ e fez de tudo para favorecer Jair Bolsonaro. Ao mesmo tempo, a parlamentar, que a princípio não tinha o apoio do Centrão, mostrou-se bastante flexível e capaz de atender aos interesses do grupo.

Kicis continuou a apoiar as manifestações golpistas do presidente e em seus atentados contra a saúde pública.

Ainda nos últimos dias de 2020, ela defendeu a reabertura do comércio no Amazonas, em meio ao aumento no número de casos e mortes por Covid. Dias depois, em janeiro de 2021, Manaus viveu um colapso em seu sistema de Saúde, com falta de oxigênio nos hospitais superlotados e pessoas morrendo asfixiadas.

Na disputa pela Presidência da Câmara no início do ano, Bia Kicis tentou conseguir a presidência da CCJ, comissão mais importante da casa. A ideia não era vista com bons olhos por integrantes de seu próprio partido, que tinha direito ao posto, e muito menos pelas principais lideranças do Congresso. Ela é investigada no inquérito das fake news e no dos atos antidemocráticos.

Com a vitória do candidato do governo, Arthur Lira, em fevereiro, parlamentares articularam um acordo para que Kicis pudesse presidir a CCJ da Câmara. Ela se comprometeu a adotar um comportamento mais moderado, a “deixar de ser Bia Kicis”.

Lira disse que acompanharia de perto o trabalho do colegiado e afirmou que não permitiria que ela passasse do ponto. A CCJ, convenhamos, não é um problema para o presidente da Câmara, que costuma levar matérias diretamente ao plenário.

Pouco depois de assumir a comissão, Bia Kicis protagonizou um episódio que sintetizaria o seu comportamento nos meses seguintes. Durante uma sessão, a parlamentar pediu que a palavra “genocida”, usada por opositores em referência a Bolsonaro, fosse retirada dos registros taquigráficos.

O pedido provocou tumulto entre os deputados.

“A senhora está na condição de presidente da Comissão de Constituição e Justiça, e não de advogada de Jair Bolsonaro genocida, disse Fernanda Melchiona, do PSOL.

Em abril, Bia Kicis deu a sua primeira grande demonstração de que estava perfeitamente alinhada ao Centrão. Na calada da noite, deputados tentaram aprovar no colegiado uma PEC para mudar a composição do CNMP, aumentando a influência externa sobre o Ministério Público.

O texto previa que fosse nomeado um corregedor de fora do órgão.

A sessão acabou sendo suspensa.

Mais tarde, o texto evoluiria para o que ficou conhecida como a “PEC da Vingança”, que Lira levou direto ao plenário, atropelando a CCJ.

Como mostramos, a tentativa de Bia Kicis na CCJ foi resultado de um acordo com Renan Calheiros, que prometia suavizar as investigações contra o governo na CPI da Covid, que estava prestes a ser instalada.

Enquanto isso, Jair Bolsonaro derretia nas pesquisas e intensificava seus ataques às instituições. Com medo de ser derrotado em 2022, o presidente passou a levantar suspeitas diariamente sobre a lisura do processo eleitoral, afirmando que as urnas eletrônicas são passíveis de fraude, e deu a senha para que as hostes martelassem a volta do voto impresso

Bia Kicis foi autora de uma proposta de emenda constitucional que previa a instalação do novo modelo. O presidente disse que ela era a “mãe do voto impresso”.

Demonstrando que não sabia lhufas sobre o que estava defendendo, a parlamentar afirmou, em uma comissão destina a examinar o tema, que o TSE contabilizava os votos em um computador chamado “Nuvem”, da Oracle.

Como mostramos, não existe uma máquina com esse nome, assim como os votos também não são computados em uma “nuvem”, mas sim na sede do tribunal.

O colegiado reprovou o texto por 23 votos a 11. Ainda assim, Lira levou a proposta ao plenário, onde também foi derrotada.

Assim como Jair Bolsonaro, Bia Kicis atribuiu o fracasso da implantação do voto impresso ao presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, que teria feito campanha para convencer os deputados de que o voto eletrônico é seguro.

Quando ainda tentava aprovar a proposta, a deputada recebeu em seu gabinete Beatrix von Storch, integrante do partido Alternativa pela Alemanha, conhecido por defender ideias de extrema-direita, inclusive nazistas. Em uma publicação nas redes sociais, ela celebrou: “Conservadores do mundo se unindo para defender os valores cristãos e a família”.

Enquanto isso, as investigações comandadas por Alexandre de Moraes no Supremo avançavam. Anotações obtidas pela Polícia Federal durante uma busca e apreensão em um endereço ligado ao blogueiro Allan dos Santos indicam que eles se encontravam para discutir temas como intervenção militar.

Mensagens de WhatsApp às quais a PF teve acesso apontam que Kicis havia se comprometido a negociar com o líder do governo a derrubar o depoimento de João Bernardo Barbosa à CPMI das Fake News. Ele seria um dos financiadores do Terça Livre, o canal de Allan dos Santos investigado por divulgar notícias falsas.

Em outubro, a Justiça finalmente enterrou um pedido feito por Bia Kicis para censurar a Crusoé. Em julho de 2020, a revista revelou que petistas e bolsonaristas atuavam juntos no Congresso para barrar a PEC da Segunda Instância e que Bia Kicis teve participação na articulação.

A deputada argumentava que a informação era falsa e o texto, ofensivo. Ela pedia uma indenização no valor de R$ 200 mil.

O desembargador Josaphá Francisco dos Santos afirmou que as afirmações feitas pela revista estão protegidas pela liberdade de expressão.

No relatório final da CPI da Covid, Renan Calheiros pediu o indiciamento da parlamentar por incitação ao crime.

Em novembro, ela conseguiu passar na CCJ da Câmara a proposta para a revogação da PEC da Bengala, que baixa a idade de aposentadoria compulsória dos ministros do STF, de 75 para 70 anos. Se o plano der certo, e é improvável que dê, mas no Brasil tudo é possível, Jair Bolsonaro poderia indicar mais dois integrantes do tribunal. Bia Kicis jamais deixará de ser Bia Kicis.

A deputada termina o ano sendo investigada pela PGR por suposto crime de racismo. Ao comentar a decisão do Magazine Luiza de fazer um processo seletivo apenas para pessoas negras, ela compartilhou uma postagem que trazia as fotos de Luiz Henrique Mandetta e Sergio Moro com efeito de black face. Acompanhava a frase: “Desempregado, o blogueiro Sergio Moro faz mudança no visual para tentar emprego no Magazine Luiza”.

Gente boa.

Entretenimento

Chris Pratt se machuca durante gravações de filme

19.04.2024 10:43 3 minutos de leitura
Visualizar

Polícia prende suspeito de invadir consulado do Irã em Paris

Visualizar

Concurso TRF3 2024: salários de até R$ 13.9 mil, veja detalhes

Visualizar

Iranianos apoiam Israel: "O Irã não é a República Islâmica”

Visualizar

Crusoé: Por trás da cortina de Alexandre de Moraes

Visualizar

20% da população do RS é aposentada ou pensionista

Visualizar

Tags relacionadas

Allan dos Santos Bia Kicis CCJ deputada retrospectiva Retrospectiva 2021 voto impresso
< Notícia Anterior

Bolsonaro preocupado com investigação sobre Castro

20.12.2021 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Só Bolsonaro acredita em suas mentiras

20.12.2021 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Redação O Antagonista

O Antagonista é um dos principais sites jornalísticos de informação e análise sobre política do Brasil. Sua equipe é composta por jornalistas profissionais, empenhados na divulgação de fatos de interesse público devidamente verificados e no combate às fake news.

Suas redes

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

Concurso TRF3 2024: salários de até R$ 13.9 mil, veja detalhes

Concurso TRF3 2024: salários de até R$ 13.9 mil, veja detalhes

19.04.2024 10:37 2 minutos de leitura
Visualizar notícia
Crusoé: Por trás da cortina de Alexandre de Moraes

Crusoé: Por trás da cortina de Alexandre de Moraes

19.04.2024 10:33 2 minutos de leitura
Visualizar notícia
20% da população do RS é aposentada ou pensionista

20% da população do RS é aposentada ou pensionista

19.04.2024 10:31 3 minutos de leitura
Visualizar notícia
Guia completo: como declarar aluguéis no IR 2024 e evitar a malha fina

Guia completo: como declarar aluguéis no IR 2024 e evitar a malha fina

19.04.2024 10:30 3 minutos de leitura
Visualizar notícia

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.