

Para defender a cloroquina e o ‘tratamento precoce’, o Ministério da Saúde publicou em seu site uma notícia sobre um artigo científico sem informar que ele é de cinco meses atrás.
“O renomado The American Journal of Medicine, jornal oficial da Alliance for Academic Internal Medicine, traz em sua primeira edição de 2021 um estudo que [supostamente] comprova a eficácia do tratamento precoce na evolução da Covid-19”, diz a notícia no site do ministério, publicada em 2 de janeiro.
Embora o texto não deixe claro, o ministério se refere ao artigo Pathophysiological Basis and Rationale for Early Outpatient Treatment of SARS-CoV-2 (COVID-19) Infection. Embora ele tenha sido de fato publicado na primeira edição deste ano, o próprio site da revista informa que o artigo está disponível online desde 6 de agosto de 2020.
O texto do artigo científico tem indicações de que é datado. O resumo diz que o novo coronavírus se espalha pelo mundo há “aproximadamente 9 meses”. Mais à frente, o artigo cita “mais de 1 milhão de casos e 500 000 mortes no mundo”, informação acessada em 3 de julho de 2020. Naquele momento já eram mais de 10 milhões de casos.
Nesta segunda-feira (11), pelos dados da Johns Hopkins, já são mais de 90 milhões de casos e 1,9 milhão de mortes no mundo.
Segundo o Ministério da Saúde, o artigo supostamente comprovaria “a eficácia do tratamento precoce na evolução da Covid-19”. Mas não é bem assim.
O artigo – ressalte-se, no ar desde agosto de 2020 – destaca que “futuros ensaios randomizados testando os princípios e agentes discutidos irão indubitavelmente refinar e esclarecer seus papéis individuais; no entanto, enfatizamos a necessidade imediata de orientação para a gerência em ambiente de amplo consumo de recursos hospitalares, morbidade e letalidade”.
Diz o Ministério da Saúde: “A instrução publicada em forma de artigo científico cita o sucesso em combinar antivirais e vitaminas, citando inclusive, o zinco, a azitromicina e a hidroxicloroquina, amplamente utilizadas no protocolo do Governo Federal no enfrentamento à pandemia”.
Pior ainda: o artigo afirma que esse esforço “serve como o melhor exemplo atual em funcionamento da falta de plausibilidade de ensaios para Covid-19 em pacientes externos”, ou seja, aqueles não hospitalizados.
O propósito do artigo, lá em agosto, era justamente oferecer orientações na ausência de ensaios clínicos à época.
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