Deputado cobra prestação de contas de recursos da pandemia e prefeito de MG reage: “Vagabundo”
Na semana passada, o deputado federal Léo Motta, do PSL de Minas Gerais, enviou um ofício aos prefeitos de todos os 853 municípios do estado pedindo informações sobre como foram gastos os recursos enviados pelo governo federal em meio à pandemia da Covid. "Para o melhor detalhamento das ações desenvolvidas com os recursos federais, solicito que as informações sejam enviadas em três óticas de classificação, por grupo natureza de despesa...
Na semana passada, o deputado federal Léo Motta, do PSL de Minas Gerais, enviou um ofício aos prefeitos de todos os 853 municípios do estado pedindo informações sobre como foram gastos os recursos enviados pelo governo federal em meio à pandemia da Covid.
“Para o melhor detalhamento das ações desenvolvidas com os recursos federais, solicito que as informações sejam enviadas em três óticas de classificação, por grupo natureza de despesa, por função e por órgão com a respectiva ação orçamentária”, diz trecho do ofício ao qual O Antagonista teve acesso (leia aqui a íntegra).
“Esperançoso de que sua gestão preze pelos bons princípios da administração pública, fico no aguardo das informações para que possamos prestar ao município o melhor do nosso trabalho”, completa.
O documento endereçado ao prefeito de Coronel Fabriciano, Dr. Marcos Vinicius (PSDB) — eleito no ano passado com 83,75% dos votos válidos –, é datado de 12 de maio. A cidade localizada no Vale do Rio Doce recebeu, segundo o ofício, R$ 30.878.437,56 de recursos federais.
O prefeito tucano não gostou da iniciativa do parlamentar. Em áudio enviado a um grupo de mensagens da Associação Mineira de Municípios, Dr. Marcos Vinicius se disse “ameaçado” e “acuado” e chamou o deputado federal de “vagabundo” e “mané” (escute o áudio abaixo).
“Nós temos que dar um basta num vagabundo desses aí, rapaz. Esses caras agora, véspera de eleição, vão querer fazer onda em cima da gente, que já está todo rebentado, né, como prefeito? Aí vem uns mané desses aí, rapaz, se achando os bonzão (sic). Não fizeram p… nenhuma aí, não ajudaram nenhum município e agora querem fazer gracinha em cima de prefeito.”
No áudio que acabou vazando, o tucano ainda reclama da vida de prefeito:
“Cara, está difícil ser prefeito, está muito difícil ser prefeito. Uns vagabundos desse… Sabe o que fico puto? Prefeito ajudar um vagabundo desse aí. Esse é um cara vagabundo, ordinário. Tem muita gente querendo fazer gracinha em cima da gente.”
Pelo raciocínio do prefeito, o ofício enviado pelo deputado federal faz com que pareça que os gestores locais são “bandidos”.
A assessoria da Prefeitura de Coronel Fabriciano, por telefone, confirmou a este site a veracidade do áudio, mas disse que o prefeito não se manifestaria, pois enviou o áudio “a um grupo privado”. A assessora, porém, afirmou que “é aquilo mesmo”.
Em nota, o deputado Léo Motta disse que “o áudio em questão é um acinte ao direito fundamental cristalizado na Constituição Federal, que trata do direito ao acesso à informação pública”.
“O áudio revela o total despreparo não só desse prefeito, mas de muitos outros, que, ao invés de atenderem com transparência a um simples pedido baseado na lei, feito por um parlamentar que tem por dever fiscalizar o emprego de recursos federais nos municípios do estado onde vive, preferem agredir, achincalhar, zombar e ameaçar a este deputado, que está no cumprimento legal de seu papel como cidadão e representante do povo mineiro na Câmara dos Deputados.”
Escute o áudio:
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