Mensagens obtidas pelos investigadores da Lava Jato do Rio indicam que o dinheiro para a organização social Pró-Saúde em Goiás só saiu depois que o hoje secretário de Transportes de São Paulo, Alexandre Baldy, interveio. Na época, em 2014, ele era secretário de Comércio do governo de Goiás.
De acordo com a denúncia da Operação Dardanários, a Pró-Saúde havia assinado contrato para administrar o hospital Hurso, em Goiás, mas o dinheiro não vinha sendo liberado.
A verba só foi paga depois que a OS depositou R$ 195 mil na conta de uma empresa que, segundo os delatores da Dardanários, não prestou serviços à Pró-Saúde, mas era ligada a Rodrigo Dias, primo de Baldy e na época presidente da Fundação Nacional da Saúde (Funasa).
O depósito foi feito em setembro de 2014, depois de encontros entre Ricardo Brasil, um dos gestões da Pró-Saúde, e Baldy. Na época, Baldy era secretário do governo de Goiás.
Veja registros na agenda de Ricardo Brasil:
Nos meses anteriores ao pagamento, representantes da empresa vinham conversando para desfazer uma “confusão” entre eles. Segundo o MPF, seria a falta de pagamento da propina combinada para a liberação do dinheiro da administração do hospital goiano.
Em 23 de abril de 2014, Rodrigo Dias enviou uma mensagem a Edson Giorno, da Pró-Saúde combinando uma reunião para tratar de uma “confusão”.
“Acho q esta tendo algum desentendimento entre nos e precisamos esclarecer… A pedido do Alexandre estive com o Ricardo… falamos e nao estamos querendo passar na frente ou ppr cima de ngm. Estamos todos juntos. Apenas correndo. Fique tranquilo pq vc é o principal rewponsavel por esta história acontecer. So estou cuidando do serviço braçal”, disse Dias a Giorno.
Veja:
Dias depois, em 30 de abril, Rodrigo Dias voltou a falar com Giorno para dizer “quanto à liberação, vai dar certo”.
O primeiro empenho de pagamento do governo de Goiás à OS foi feito no dia 20 de março, mas o primeiro pagamento só ocorreu em 11 de junho. “Após a intervenção de Alexandre Baldy e Rodrigo Dias”, diz o MPF.
“A operacionalização das entregas dos valores em espécie em favor de Alexandre Baldy ficou a cargo do colaborador Edson Giorno, o qual recolhia o dinheiro do caixa 2 da entidade com o diretor financeiro da Pró-Saúde Carlos Giraldes e levava pessoalmente ao agente público em Goiânia”, escreveu o MPF, na denúncia.
Baldy, Rodrigo Dias e ex-executivos da Pró-Saúde e ex-integrandes de estatais goianas foram denunciados hoje por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Alexandre Baldy é acusado de receber propina de R$ 2,6 milhões entre 2014 e 2018.