

Walter Delgatti Neto, o principal investigado pela invasão dos celulares da Lava Jato, foi levado por policiais hoje para a delegacia de Araraquara. Mas não por causa das mensagens roubadas.
O motivo foi mais simplório: ele foi abordado durante o toque de recolher na cidade, que enfrenta um pico de Covid-19.
Ironicamente, Delgatti havia acabado de receber do juiz federal Ricardo Leite, de Brasília, uma decisão que o livrou de uma nova prisão no âmbito da Operação Spoofing.
Delgatti participou da audiência com o juiz, no fim da tarde, por videoconferência, no escritório de seu advogado. Ao sair do local, pegou carona com o irmão para voltar para casa.
Ao parar no posto de gasolina, policiais o abordaram para saber o que fazia na rua. Após verificarem sua identidade, notaram que havia dois mandados de prisão em aberto contra ele e o levaram para a delegacia da cidade.
Segundo o advogado Ariovaldo Moreira, os mandados estavam em aberto por desatualização no sistema. Ele foi à delegacia, comprovou que o hacker já tinha decisões que lhe garantiam a liberdade e conseguiu que ele fosse liberado.
“Não houve perseguição ou nada do tipo. Os policiais apenas cumpriram seu dever”, disse o advogado a O Antagonista.
Como mostramos mais cedo, o juiz Ricardo Leite negou um novo pedido de prisão de Delgatti, apesar de reconhecer que ele continuava divulgando mensagens roubadas de autoridades.
O Ministério Público Federal pediu a prisão porque Delgatti concedeu uma entrevista por videoconferência e, para isso, usou a internet, algo que está proibido de fazer desde setembro, quando obteve a liberdade.
Ao negar a nova prisão, o juiz apenas reiterou que ele não use as rede nem conceda mais entrevistas.
Voto hackeado
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