Representantes indígenas comunicaram a Luís Roberto Barroso tratamento humilhante e desrespeitoso na primeira reunião com o governo, ocorrida no dia 17 e determinada pelo ministro, para tratar dos planos para frear a letalidade da Covid-19 nas aldeias.
O relato enviado ao ministro ontem afirma que o Secretário Especial de Saúde Indígena, Robson Santos da Silva, “em tom ameaçador e vexatório”, chamou-os de “cínicos, levianos e covardes”, ao ouvir que há um “genocídio” dos povos indígenas isolados e de recente contato.
O ministro-chefe do GSI, Augusto Heleno, por sua vez, causou revolta por ter dito, segundo o relato, que o governo atenderá apenas indígenas que estão em terras demarcadas. Quem está fora delas será tratado como produtor rural.
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“A experiência vivida por eles foi de um tratamento desastroso, humilhante e constrangedor, situação à qual nenhum cidadão merece passar, sobretudo diante de autoridades do governo brasileiro”, diz o documento enviado ao ministro.
O relato foi feito pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), associação que, junto com partidos de esquerda, conseguiu no Supremo que o governo fosse obrigado a formular um plano de enfrentamento da Covid-19 para os índios.
A principal reclamação é que o governo pretende implementar um plano genérico para o problema, sem considerar as especificidades locais de cada etnia. “Os planos de ação para a Terra Indígena Yanomami não podem ser os mesmos para a Terra Indígena do Vale do Javari, que por sua vez não podem ser os mesmos para a Terra Indígena Araribóia”, afirmou a Apib.
A entidade propôs um cronograma de 4 dias de discussão até o final do mês, cada um para um grupo de aldeias; maior participação de entidades ligadas aos indígenas; e de participação de cinco médicos e advogados ligados à saúde indígena.
Leia aqui a íntegra do documento.
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