“A transferência tinha como objetivo central impedir que os chefes da facção continuassem a transmitir ordens de dentro dos presídios. Para contornar a incomunicabilidade decorrente da remoção, B.F.L.F, vulgo Armani, recebeu poderes para assumir o comando nacional da célula batizada de ‘Setor do Universo’. Com o emprego de recursos oriundos de crimes cometidos pela facção, notadamente o tráfico de drogas, Armani contratou advogados com atuação em diversas regiões do território nacional com a finalidade principal de permitir que os chefes do PCC, presos, continuassem a se comunicar com integrantes da facção em liberdade. Por meio de atendimentos presenciais, os advogados contratados levavam informações aos líderes e recebiam ordens que deveriam ser transmitidas a outros criminosos.”
A estratégia permitiu, por exemplo, que um dos mais relevantes traficantes da Baixada Santista nomeasse sucessores com apoio de uma advogada, que atuou como mensageira.
“Os defensores ainda intermediavam o pagamento de propinas para policiais, transmitiam cobranças de dívidas e até ameaças de morte a mando da organização criminosa. Não raro, os próprios advogados se envolviam em disputas que eram solucionadas pelo sistema de disciplina da facção, mediante o exercício de poderes de decisão por Armani, indicando inserção na estrutura hierárquico-piramidal do PCC.”
Equipes do Ministério Público de São Paulo estiveram em Rondônia. Houve, também, cumprimento de mandados em Brasília (DF), Mossoró (RN) e diversos municípios paulistas. A operação, batizada de Fast Track, foi autorizada pelo juiz Ulisses Augusto Pascolati Júnior, da 2ª Vara Especializada em Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores.