

Nas conversas ao pé do ouvido hoje, no Palácio da Alvorada, lideranças partidárias ainda não se conformavam com aquele vídeo raivoso gravado por Jair Bolsonaro, no último dia 15, enterrando a proposta de congelamento de aposentadorias para bancar o programa assistencial do governo.
A avaliação é a de que o presidente foi, como de costume, afoito e intempestivo e acabou “jogando no lixo” o que muitos reunidos naquela sala mais cedo entendiam como melhor opção para garantir a receita ao Renda Cidadã: a desindexação da economia, que, naturalmente, poderia provocar o congelamento de aposentadorias por um tempo.
Para algumas lideranças, seria muito mais fácil construir uma narrativa em torno da desindexação do que do uso de parte dos precatórios e do Fundeb, como acabou sendo decidido e anunciado hoje.
O primeiro erro teria sido, portanto, o vazamento da possibilidade de congelamento de pagamentos, antes de um anúncio oficial. Mas o segundo erro, considerado ainda mais decepcionante, foi o do próprio presidente, que gravou um vídeo colocando uma pá de cal no assunto, com o forte argumento de que não admitiria “retirar de pobres para dar para paupérrimos”. Com aquele gesto, ficou simplesmente impossível insistir naquela alternativa, embora fosse a ideal, frisa-se, para muitos dos atores envolvidos nas discussões.
Ninguém, no entanto, tem coragem de dizer isso para o presidente.