O "mecanismo" fez José Padilha ver direita onde não há O "mecanismo" fez José Padilha ver direita onde não há
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O “mecanismo” fez José Padilha ver direita onde não há

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Redação O Antagonista
4 minutos de leitura 01.04.2018 15:00 comentários
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O “mecanismo” fez José Padilha ver direita onde não há

Em artigo na Folha, o cineasta José Padilha afirma que a corrupção é o mecanismo estruturante da política e da administração pública no Brasil, incluindo as cortes judiciais constituídas por indicações. Para ele, é inegável que os grupos de Michel Temer e de Lula se beneficiaram do...

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4 minutos de leitura 01.04.2018 15:00 comentários 0

Em artigo na Folha, o cineasta José Padilha afirma que a corrupção é o mecanismo estruturante da política e da administração pública no Brasil, incluindo as cortes judiciais constituídas por indicações.

Para ele, é inegável que os grupos de Michel Temer e de Lula se beneficiaram do mecanismo, termo que dá nome à sua nova série.

Padilha busca então analisar “o motivo para os violentos e desonestos posts que alguns formadores de opinião de esquerda dispararam contra os atores e autores” da obra.

“Para entender sua natureza, precisamos olhar o que ocorreu com a opinião pública pós-Lava Jato.

Sabendo que O Mecanismo existe, podemos afirmar que:

a) Se a nova lei de delações premiadas tivesse sido sancionada com o PSDB no poder, os políticos denunciados teriam sido Aécio, Serra e FHC. Mas, como a lei foi sancionada com PT e PMDB no poder, os políticos denunciados foram Palocci, Lula, Cunha, Cabral e Temer.

b) A mídia de direita usou essa contingência histórica para atacar a esquerda, como se a direita não fosse corrupta.

c) O PT usou essa contingência para acusar a Lava Jato de partidarismo, como se não fosse inevitável que petistas fossem pegos primeiro, dado que estavam no poder.

Criou-se, assim, um ambiente irracional e polarizado, em que o dogmatismo ideológico da esquerda radical e o cinismo pragmático da direita fisiológica passaram a trabalhar juntos para negar o inegável, o fato de que todas as lideranças políticas dos grandes partidos brasileiros são corruptas.

Hoje, vemos os formadores de opinião de esquerda e os membros da direita fisiológica de mãos dadas, pressionando o STF para cancelar a prisão após condenação em segunda instância. Afinal, para a esquerda isso garantiria a impunidade de Lula; para a direita, a de Aécio, de Temer, de Jucá… O mecanismo, é claro, agradece.

Confesso que esperava mais dos formadores de opinião da esquerda. Pensei que em algum momento da história fossem acordar do estupor ideológico e ajudar pessoas de bem na luta contra o mecanismo que opera no mundo real, em vez de se associar a ele para lutar contra o mecanismo exposto na Netflix.”

Padilha, aparentemente, acordou do estupor ideológico de esquerda. Só não se livrou ainda do ranço de chamar PSDB e PMDB de “direita”, só por estarem – de centro-esquerda a centro – à direita do PT.

O estatismo tucano que levou Gustavo Franco a deixar o PSDB, a “ênfase na questão redistributivista” apontada por Edmar Bacha, as frequentes reafirmações de esquerdismo por parte de FHC, José Serra, Aloysio Nunes e do próprio Aécio, além da distância de todos eles do conservadorismo nos costumes (FHC defende a liberação das drogas e o desarmamento, por exemplo) são amostras do erro de Padilha.

Os acenos do governo Temer às privatizações, depois de 14 anos de aliança espúria com o PT no fisiologismo e no aparelhamento do Estado inchado terem resultado em grave crise fiscal, tampouco fazem do PMDB um partido de direita, especialmente se compararmos com o Partido Republicano dos Estados Unidos, por exemplo.

A direita democrática – liberal e conservadora – ainda é incipiente no Brasil e vem se manifestando mais intelectualmente em livros e na internet do que no espaço político, onde tem na disputa presidencial deste ano, até o momento, apenas três alegados representantes, sem qualquer mancha de corrupção em seus currículos, mas, mesmo assim, questionados por alas da própria direita por não ser tão liberal em economia (Jair Bolsonaro), nem tão conservador nos costumes (João Amoêdo), nem tão conhecido pelo liberalismo e pelo conservadorismo que agora professa (Flávio Rocha).

Padilha não precisa dizer que a “direita” brasileira é corrupta, muito menos reconhecer a existência de uma grande “mídia de direita” (cujos supostos veículos ele não cita nominalmente), para demonstrar sua imparcialidade ideológica no combate à corrupção.

Só demonstra, assim, sua prestação de contas à esquerda corrupta, que falseia as premissas do debate público e ataca ele próprio e sua obra.

(Felipe Moura Brasil)

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