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O plano de governo do PT é claro: querem fazer o diabo para tomar o poder

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Redação O Antagonista
7 minutos de leitura 07.10.2018 10:08 comentários
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O plano de governo do PT é claro: querem fazer o diabo para tomar o poder

Leitores pediram que fosse publicado em O Antagonista, na íntegra, o meu artigo na Crusoé desta semana. Hoje os eleitores decidem -- ou começam a decidir -- se entregam o país ao despachante de um presidiário condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, que está disposto a fazer o diabo para tomar o poder. Eis o artigo...

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O plano de governo do PT é claro: querem fazer o diabo para tomar o poder
Arte: O Antagonista

Leitores pediram que fosse publicado em O Antagonista, na íntegra, o meu artigo na Crusoé desta semana.

Hoje os eleitores decidem — ou começam a decidir — se entregam o país ao despachante de um presidiário condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, que está disposto a fazer o diabo para tomar o poder.

Eis o artigo:

George Orwell afirmou que “algumas vezes o primeiro dever dos homens inteligentes é reafirmar o óbvio”. Não sou uma grande inteligência, mas sigo esse princípio como jornalista: repito o óbvio quando acho necessário. Já criticaram a minha falta de originalidade, mas o dever está acima de tudo. E o óbvio a ser reafirmado é que o perigo autoritário está na eleição do poste lulista, por mais improvável que ela pareça neste momento, de acordo com a pesquisa da Crusoé publicada nesta edição.

A operação em curso para abafar o autoritarismo de Lula, PT et caterva sustenta-se na gritaria sobre o elogio de Jair Bolsonaro ao regime militar de 1964 (ou “movimento”, como prefere o petista Dias Toffoli) e as suas declarações idiotas ou abjetas a respeito de minorias. Eu já disse, em outra coluna, que discutir 1964 hoje faz tanto sentido quando discutir 1910 em 1964 – ou, me ocorre agora, 2018 em 2072. Quanto às minorias, lembre-se de que Lula foi acusado de ser racista pela mãe da sua filha, em 1989, exibe comportamentos sexistas e, até que o politicamente correto se impusesse, fazia piadas sobre “veados” em público, para não falar do episódio mal explicado do “menino do MEP”. Presidentes com compostura e desprovidos de preconceitos são recomendáveis, mas a falta de tais atributos não implica que tenham poder para perseguir minorias no Brasil, porque isso atentaria contra a Constituição e o ordenamento jurídico e causaria a repulsa imediata da sociedade. É francamente estúpido acreditar que Bolsonaro vá criar milícias para bater em gays e humilhar negros ou que possa legalizar a tortura de presos ou diminuir ainda mais os salários das mulheres.

A obviedade é que, sob a batuta dos governos corruptos e incompetentes do PT, a criminalidade explodiu – e se continuou a bater em gays, a humilhar negros, a torturar presos e a pagar salários menores a mulheres. Outra obviedade é que, em matéria de política pública, a prioridade para maioria e minorias é diminuir drasticamente o número de homicídios, assaltos e furtos no país — e não vitimizar os criminosos e criminalizar as vítimas. Alguém precisa calcular o valor do que é roubado de pobres a cada dia. Chuto que, ao final de um ano, deve ser o equivalente a um terço do PIB do Paraguai. Essa, sim, é uma abordagem social do problema. A proteção da vida e do patrimônio de todos os cidadãos está na base dos direitos adquiridos e daqueles a serem conquistados em quaisquer campos.

Ditas essa obviedades, passemos ao autoritarismo do plano de governo do PT. O texto está disponível na internet, e nunca a falta do hábito de leitura dos brasileiros foi tão perigosa. Pouca gente o leu. Leia. O condenado José Dirceu causou espanto ao afirmar que se deveria tirar o poder de investigação do Ministério Público e todos os poderes do Supremo Tribunal Federal, mas consta do plano de governo “impedir abusos” do Judiciário e “estimular a participação e o controle social em todos os Poderes da União e no Ministério Público”. Os petistas também explicitam a intenção de amordaçar a imprensa, por meio do que chamam de “novo marco regulatório” nas comunicações. Na economia, o projeto é destruir qualquer possibilidade de diminuir o tamanho do Estado sustentado pelos pagadores de impostos. Pelo contrário, desejam aumentá-lo com “desprivatizações” e, assim, gastar mais o nosso dinheiro. Até o tabelamento de juros está previsto, de forma oblíqua, dentro da proposta geral de repetir tudo aquilo que já mostrou dar muito errado.

O general Hamilton Mourão, vice de Bolsonaro, sugeriu uma nova Constituição sem Assembleia Constituinte, feita por “notáveis” e aprovada por plebiscito. Foi massacrado com razão. Lula e seu bando de seguidores querem, no papel, fragilizar as instituições com plebiscitos, assembleísmos e a criação de mais conselhos ideológicos. O plano de governo do PT fala “em reforma política com participação popular” e a “elaboração de um amplo roteiro de debates sobre os grandes temas nacionais e sobre o formato da Constituinte”. Ou seja, o PT quer uma nova Constituição. Eu gostaria de uma nova Constituição, mas não a deles — “com soberania popular em grau máximo”. Na verdade, o que pretendem é promover a apropriação indébita e completa das estruturas institucionais, por meio de uma Carta Magna escrita ao gosto lulopetista. Venezuela.

O autoritarismo petista só não foi adiante entre 2003 e 2016 porque houve resistência de parte da imprensa e dos cidadãos — e, não menos importante, a roubalheira da tigrada revolucionária foi descoberta a tempo de impedir a concretização do projeto de o partido perpetuar-se no poder, fraudando eleições com dinheiro sujo. Mas, se o poste Haddad for eleito, Lula se sentirá legitimado a tentar colocá-lo em prática de novo. Solto, na condição de ministro ou eminência parda, o seu primeiro objetivo será vingar-se de todos os que investigaram, denunciaram e condenaram os crimes que cometeu — e tratar de anular a possibilidade de que a Justiça volte a funcionar contra ele e a sua turma. No plano de governo, o PT não tem vergonha de mentir que o impeachment de Dilma Rousseff, autora de uma gigantesca fraude fiscal para maquiar contas públicas, foi “o golpe de 2016”, seguido da “perseguição judicial” a Lula, daí a necessidade de “refundação democrática”. Mostra de que a organização assumiu abertamente a vigarice de que a democracia é um valor estratégico, como sempre pensou a esquerda da esquerda petista, e não um valor universal. José Dirceu foi didático nesse sentido, ao afirmar que, reinstalados no Planalto, eles tomarão o poder. Esqueçam, portanto, o “Lulinha Paz e Amor”. Se os eleitores colocarem Fernando Haddad no Planalto, os petistas virão com força contra quem se opuser, já que a única forma de sobreviverem é matando a democracia. Para isso, terão a cumplicidade de oportunistas que a eles se aliaram na gatunagem dos mandatos passados. A vanguarda e a retaguarda do atraso se unirão, com consequências imprevisíveis.

Karl Marx, o sapo barbudo alemão que continua a ser usado para doutrinação nas escolas e universidades nacionais, escreveu que a história se repete primeiro como tragédia e, depois, como farsa. A tentativa de Lula fugir para a presidência da República por interposta pessoa inverte a frase. Ele é uma farsa que poderá se repetir como tragédia. Ulule-se a obviedade.

Como Regina Duarte, eu tenho medo. É bom ter medo — e de qualquer governante. Mas o medo não pode nos paralisar ou resultar em fuga do embate, dentro dos limites constitucionais (de hoje). Em Sobre o Medo, Michel de Montaigne, que jamais precisou ser óbvio nos seus Ensaios, cita a derrota dos romanos na primeira batalha travada contra as tropas do general cartaginês Aníbal. Diz Montaigne: “Uma tropa de dez mil homens a pé, tomados pelo medo, não vendo por onde dar passagem à sua covardia, jogou-se contra o grosso do inimigo, que ela rompeu com esforço maravilhoso e grande morte de cartagineses, comprando uma fuga vergonhosa pelo mesmo preço de uma vitória gloriosa. É disso que eu tenho mais medo”.

Eu também.

 

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