Paulo Guedes, o ex-super ministro Paulo Guedes, o ex-super ministro
O Antagonista

Paulo Guedes, o ex-super ministro

avatar
Redação O Antagonista
5 minutos de leitura 30.12.2020 18:00 comentários
Brasil

Paulo Guedes, o ex-super ministro

Em meio ao terremoto na economia causado pela Covid-19, a relação entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da República, Jair Bolsonaro, apresentou uma grande rachadura. Ao definir a sua reeleição como prioridade, Bolsonaro passou a apostar em programas sociais, aumentando...

avatar
Redação O Antagonista
5 minutos de leitura 30.12.2020 18:00 comentários 0
Paulo Guedes, o ex-super ministro
Foto: Adriano Machado/Crusoé

Em meio ao terremoto na economia causado pela Covid-19, a relação entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da República, Jair Bolsonaro, apresentou uma grande rachadura.

Ao definir a sua reeleição como prioridade, Bolsonaro passou a apostar em programas sociais, aumentando o gasto público, e desautorizou publicamente o ministro, que buscou cortar despesas para financiar os projetos do presidente.

Ao longo do ano, Guedes perdeu espaço para ministros que defendem mais gastos, como o seu ex-assessor Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional, e o general Walter Braga Netto, chefe da Casa Civil, que tentam reeditar o PAC e lançaram um novo Minha Casa Minha Vida com apoio de empresários da construção civil.

Guedes também viu a debandada de auxiliares da pasta.

Em um mesmo dia, abandonaram o barco os secretários de Desestatização, Salim Mattar, e de Desburocratização, Paulo Uebel.

A reclamação foi a de que as privatizações e a reforma administrativa não saíam do papel. O principal motivo era a falta de interesse do presidente da República.

Ao confirmar a debandada na equipe, Guedes deixou evidente a sua insatisfação com o rumo da política fiscal e mandou um recado a seus colegas que tentavam — e ainda tentam — convencer Bolsonaro a “pular a cerca” da responsabilidade fiscal:

Vão levar o presidente para uma zona sombria, uma zona de impeachment.

Neste ano também deixaram o governo Rubem Novaes (presidente do Banco do Brasil), Caio Megale (diretor de programas da Secretaria de Fazenda) e Mansueto Almeida (secretário do Tesouro Nacional).

A pressão por um modelo populista ganhou força com o aumento de popularidade do presidente entre os mais pobres, após o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 em razão da pandemia de Covid-19.

Para manter a chance de reeleição, Bolsonaro buscou alternativas financeiras e brechas constitucionais para a criação do programa Renda Brasil, a versão bolsonarista e turbinada do Bolsa Família.

O governo nem sequer disfarçou a intenção de elevar os gastos. O senador Flávio Bolsonaro, o Zero Um, foi explícito em uma entrevista:

O Paulo Guedes vai ter que dar um jeito de arrumar mais um dinheirinho para a gente dar continuidade a essas ações que têm impacto social e na infraestrutura.

Em agosto, Bolsonaro desautorizou Guedes e enterrou sua proposta de extinguir o abono salarial, a fim de abastecer o Renda Brasil.

A proposta com a qual a equipe econômica apareceu para mim não será enviada ao Parlamento. Não posso tirar dos pobres para dar para paupérrimos”, afirmou o presidente.

O próprio ministro admitiu depois que as declarações de Bolsonaro foram um carrinho”, uma “entrada perigosa que poderia ser pênalti.

Em setembro, Guedes protagonizou outra cena constrangedora.

Durante coletiva, o ministro da Economia foi interrompido pelo líder do governo Ricardo Barros e literalmente retirado do local pelo ministro-chefe da Secretaria de Governo Luiz Eduardo Ramos. Guedes falava da criação de tributos alternativos para poder desonerar a folha. A tutela do Planalto sobre o ministro da Economia ficou evidente.

Queremos desonerar, queremos ajudar a buscar emprego, facilitar a criação de empregos. Então, vamos fazer um programa de substituição tributária”, afirmou Guedes, antes de ser retirado.

Também em setembro, Bolsonaro e Guedes participaram de um ato, juntamente com líderes do Congresso, para anunciar que o Renda Brasil seria financiado com dinheiro de precatórios e recursos do Fundeb. A explicação foi feita pelo senador Márcio Bittar, ao lado do ministro da Economia. Diante da reação negativa do mercado, Guedes recuou e negou que essas fontes seriam usadas para o programa de Bolsonaro.

Em entrevista coletiva poucos dias depois, o ministro da Economia afirmou também que furar o teto para ganhar eleições é uma “irresponsabilidade com as futuras gerações”.

O Renda Brasil foi abortado por Bolsonaro em 15 de setembro: “Vamos continuar com o Bolsa Família e ponto final”.

Em anúncio nas redes sociais, o presidente ameaçou ainda dar um “cartão vermelho” para quem sugerisse a ele congelamento de aposentadorias para garantir receita ao programa.

Depois de o projeto ser jogado fora, Guedes voltou a priorizar o debate sobre a recriação de um imposto nos moldes da antiga CPMF.

A proposta é polêmica tanto para o governo quanto para o Congresso. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, é contra a ideia de criar um novo imposto. No final de setembro, ele acusou o ministro da Economia de “interditar o debate da reforma tributária”.

Mais tarde, Guedes afirmou que há boatos de que Maia fez um acordo com a esquerda para não pautar as privatizações. Em resposta, o presidente da Câmara disse que o ministro “está desequilibrado”.

Após um rompimento declarado e intensa troca de farpas, Guedes e Maia selaram a paz em outubro num jantar realizado na casa do ministro do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas. É a paz dos cemitérios.

Coitado do Guedes, o ex-super ministro que se mantém no cargo graças apenas à Faria Lima.

Esportes

Athletico-PR vence o Danubio pela Sul-Americana e segue 100%

24.04.2024 23:00 3 minutos de leitura
Visualizar

Botafogo vence o Universitario pela Libertadores com golaço de Luiz Henrique

Visualizar

Flamengo na Libertadores: Tite faz mudanças de última hora na escalação

Visualizar

O cinismo de André Janones sobre rachadinha

Visualizar

PC-RJ indicia suspeitos por assassinato de advogado a queima roupa

Visualizar

20 toneladas de queijo sao apreendidas em Minas Gerais

Visualizar

Tags relacionadas

Bolsa Família covid-19 CPMF Jair Bolsonaro Ministério da Economia nova CPMF Pandemia Paulo Guedes Renda Brasil Retrospectiva 2020 Rogério Marinho
< Notícia Anterior

MP notifica Neymar por festa de réveillon

30.12.2020 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

São Paulo já garantiu seringas

30.12.2020 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Redação O Antagonista

Suas redes

Instagram

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

PC-RJ indicia suspeitos por assassinato de advogado a queima roupa

PC-RJ indicia suspeitos por assassinato de advogado a queima roupa

24.04.2024 20:56 2 minutos de leitura
Visualizar notícia
20 toneladas de queijo sao apreendidas em Minas Gerais

20 toneladas de queijo sao apreendidas em Minas Gerais

24.04.2024 20:51 2 minutos de leitura
Visualizar notícia
Ludmilla ganha relógio de luxo de Brunna no aniversário de 29 Anos

Ludmilla ganha relógio de luxo de Brunna no aniversário de 29 Anos

24.04.2024 20:47 3 minutos de leitura
Visualizar notícia
Suposto sobrinho de Marcola, do PCC, teria sido preso em operação no SC

Suposto sobrinho de Marcola, do PCC, teria sido preso em operação no SC

24.04.2024 20:24 3 minutos de leitura
Visualizar notícia

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.