Ricardo Salles e a megaboiada ambiental Ricardo Salles e a megaboiada ambiental
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Ricardo Salles e a megaboiada ambiental

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5 minutos de leitura 30.12.2020 09:00 comentários
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Ricardo Salles e a megaboiada ambiental

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, protagonizou em 2020 uma série de crises no governo e, principalmente, fora dele. A mais marcante pode ser vista no vídeo da famosa reunião ministerial...

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Ricardo Salles e a megaboiada ambiental
Foto: Adriano Machado/Crusoé

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, protagonizou em 2020 uma série de crises no governo e, principalmente, fora dele.

A mais marcante pode ser vista no vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, aquela mesma.

Na gravação, Salles apresentou o plano de sua pasta: aproveitar as atenções desviadas pela pandemia de Covid-19 para afrouxar as regras ambientais.

Ir passando a boiada”, como disse.

Segundo afirmou, as reformas teriam o objetivo de “modernizar” a área ambiental, mas os resultados falam por si.

Nos meses seguintes, o ministro assinou várias portarias e exonerou servidores de órgãos importantes de fiscalização ambiental, como o ICMBio, além de reduzir as regiões de conservação.

Também concedeu anistia a desmatadores e promoveu a submissão do Ibama às Forças Armadas na Amazônia.

O afrouxamento do controle ambiental resultou em perda de credibilidade internacional (sim, ainda foi e é possível). Até o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, manifestou preocupação com a fuga dos investimentos estrangeiros.

Em julho, o Ministério Público Federal pediu que Salles fosse afastado do cargo em razão da “desestruturação dolosa” das políticas ambientais e de órgãos ligados à pasta.

Para os procuradores, a permanência de Salles no ministério poderia produzir danos irreversíveis à Amazônia. A Justiça, porém, negou o pedido.

Em outra ação, o MPF abriu uma investigação para apurar se Salles transportou garimpeiros em um avião da FAB.

Os mineradores ilegais teriam sido transportados do sudoeste do Pará para Brasília, onde teriam participado de uma reunião com o próprio ministro do Meio Ambiente, na sede da pasta.

No dia anterior ao voo, o próprio Salles esteve na região paraense para acompanhar operações contra o desmatamento ilegal. Segundo o MPF,  o ministro encontrou-se com os garimpeiros que eram alvo da operação do Ibama. Após o encontro, o governo suspendeu a Operação Verde Brasil 2, que deveria reprimir os crimes ambientais na Amazônia.

Salles também foi expulso do Partido Novo. Segundo disse, o motivo da expulsão foi o fato de ter assumido o cargo de ministro no governo Jair Bolsonaro.

Ao longo do ano, o desmatamento na Amazônia não parou de aumentar. No Pantanal, as queimadas atingiram o seu maior índice em duas décadas. Salles afirmou que “questões ideológicas” contribuíram para a propagação do fogo no Pantanal.

O ministro tentou minimizar a crise ambiental publicando nas redes sociais um vídeo intitulado “Amazônia não está queimando”, e usou a imagem de um mico-leão-dourado, animal que não habita a região.

Em agosto, Salles anunciou que iria paralisar todas as operações de combate ao desmatamento e contra as queimadas no país. De acordo com a pasta, a decisão havia sido tomada após bloqueio financeiro determinado pela Secretaria de Orçamento Federal.

A reação ao anúncio foi imediata. Parlamentares e organizações não governamentais trataram a medida como absurda.

Poucas horas depois, diante da péssima repercussão do anúncio, o general Hamilton Mourão disse que Salles havia se precipitado. O governo, então, recuou do bloqueio, mas a saia justa já estava criada.

No mês seguinte, Salles levou a cabo a promessa de passar a boiada na legislação ambiental.

À frente do Conselho Nacional do Meio Ambiente, o Conama, ele revogou duas resoluções que protegiam áreas de restingas e manguezais.

Em outubro, Salles — o “louco — chamou o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, de Maria Fofoca, pois acreditava que o colega havia plantado uma nota no jornal O Globo, numa tentativa de desgastá-lo.

Como mostrou O Antagonista, o desgaste na relação entre os ministros se intensificou após o governo realizar um remanejamento orçamentário para financiar obras de outras pastas e do Centrão.

Poucos dias depois, os ministros selaram as pazes e deram o assunto como encerrado.

Salles também respondeu a uma publicação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o chamou de Nhonho, em referência ao personagem de Chaves. Em seguida, ele afirmou que seu Twitter havia sido hackeado e apagou a conta na rede social.

Horas antes do tuíte polêmico, o ministro foi flagrado pela Crusoé em um dos bares mais caros de Fernando de Noronha.

Em outra reportagem, a Crusoé mostrou que o Ministério Público de São Paulo, após quebrar os sigilos bancário e fiscal de Salles, encontrou transferências milionárias do seu escritório de advocacia para a sua conta pessoal, quando ele era secretário particular de Geraldo Alckmin e do Meio Ambiente do governo paulista.

Agora, o MP-SP tenta avançar sobre as suspeitas de sonegação e lavagem de dinheiro. E mais: o material, obtido com exclusividade pela revista, revelou que a conta de Salles recebeu depósitos fracionados de dinheiro.

Bolsonaro foi aconselhado por integrantes do governo ao longo do ano a demitir o ministro em razão do entrave para acordos comerciais internacionais. A conferir.

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