Jair Bolsonaro prestaria um grande serviço se superasse limites pessoais e entendesse que ministérios que atuam na área do comportamento, do ambiente, da educação e da cultura requerem equilíbrio — mental, principalmente — dos seus titulares, e que equilíbrio não significa forçosamente ser esquerdista em tais campos ou “isentão”.

A esquizofrenia de um governo que tem quadros extremamente preparados, como se verifica nas áreas da economia, da infraestrutura e da justiça, convivendo com personagens desqualificados e caricaturais é um desserviço ao país e ao próprio presidente.

O motivo é simples: o todo acaba contaminado. Foi o que se verificou no episódio das queimadas da Amazônia. Ao não reconhecer que havia um problema, o governo deu espaço para a exploração política da parte dos seus adversários articulados dentro e fora do Brasil, aumentou a histeria geral e abriu caminho para que houvesse boicotes de importadores de commodities que precisam prestar satisfação aos seus consumidores.

A contaminação ocorre também neste momento, depois do episódio ridículo de um secretário da Cultura que emulou um discurso nazista. A imbecilidade intolerável ganhou as manchetes internacionais pouco antes da abertura do Fórum Econômico de Davos, na Suíça, e a imagem do Brasil, que já não era grande coisa, piorou. Isso talvez tenha reflexos danosos: investidores podem sentir-se desconfortáveis para injetar capital num país cujo governo abrigava um Goebbels de Wikipedia, e que ainda conta com gente esquisita para além do recomendável. Os quadros preparados do governo teriam então de se haver com esse dano, e provavelmente conseguiriam salvar a Pátria ou parte dela. Mas seria ótimo que parassem de ter de lidar o tempo todo com crises patrocinadas por cretinos.

Seja inteligente, Bolsonaro, seja de direita. Direita de verdade é racional e esclarecida. Chega de esquizofrenia.