O senador Eduardo Girão (Podemos) enviou ofício à ministra Damares Alves pedindo o apoio dela para “salvaguardar a sociedade brasileira” da possibilidade de instalação de cassinos.

Ontem, o ministro do Turismo admitiu que existe um projeto nesse sentido sendo elaborado na pasta (veja aqui). A proposta é autorizar cassinos em resorts, principalmente no Nordeste, nos moldes do que defendem os principais lobistas do setor.

No ofício ao qual O Antagonista teve acesso, o senador Girão demonstra preocupação com um decreto que dispõe sobre a “qualificação da política de atração de investimentos privados para novos empreendimentos e ao aproveitamento turístico de ativos culturais e naturais no país”.

Para o parlamentar, o tal decreto, no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), pode ser o início da implementação do plano do governo federal de autorizar cassinos e afins no Brasil.

Jair Bolsonaro, por mais de uma vez, disse publicamente ser contra a ideia. Mas, nos bastidores, tem sido bastante pressionado a mudar de ideia por líderes do Centrão, lobistas do setor e pelo filho Flávio, que, em janeiro deste ano, viajou a Las Vegas — bancado pelo Senado — para se reunir com um dono de cassinos nos Estados Unidos, como revelou este site.

No documento que já chegou às mãos de Damares Alves — ela é contrária aos jogos de azar –, Girão contesta os argumentos de que a jogatina gerará mais empregos e renda. Ele diz também que “a realidade da jogatina está atrelada historicamente à corrupção de agentes públicos e a outros crimes”.

A O Antagonista, o senador afirmou não querer acreditar que o governo de Jair Bolsonaro avançará no tema.

“Não acredito em tamanha insensatez. Este governo foi eleito com duas grandes bandeiras: combate à corrupção e defesa dos valores da família. A liberação dos jogos de azar afronta as duas bandeiras juntas.”

Girão acrescentou que há décadas “o poderoso lobby da jogatina vem atuando no Congresso” e “seria terrível, justamente no governo Bolsonaro, acontecer tamanho retrocesso.”

Confira aqui a íntegra do ofício.

Veja aqui reportagem da Crusoé sobre o tema.