Tio Barnabé: o barnabé do RH Tio Barnabé: o barnabé do RH
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Tio Barnabé: o barnabé do RH

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Redação O Antagonista
4 minutos de leitura 01.05.2016 17:06 comentários
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Tio Barnabé: o barnabé do RH

O Recursos Humanos é uma invenção do diabo, todos sabemos. Na inciativa privada, uma chamada ao departamento de RH é demissão na certa. No setor público, o antigo departamento de pessoal, hoje modernizado para departamento de gestão de pessoas, é uma espécie de Doutor Jekyll e Senhor Hyde...

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4 minutos de leitura 01.05.2016 17:06 comentários 0

O Recursos Humanos é uma invenção do diabo, todos sabemos. Na inciativa privada, uma chamada ao departamento de RH é demissão na certa. No setor público, o antigo departamento de pessoal, hoje modernizado para departamento de gestão de pessoas, é uma espécie de Doutor Jekyll e Senhor Hyde. Professa a ideologia da moda e faz os cursos miraculosos de motivação onde se praticam as chamadas “vivências”. Também é protagonista dos famigerados processos administrativos disciplinares (PAD).

Das “vivências” dos cursos de RH pode-se escrever uma ópera, mas a paciência de vocês decerto é curtíssima. Vivência nos cursos motivacionais é o momento em que os barnabés são infantilizados correndo atrás de um balão, realizando colagens de papéis coloridos ou fazendo algum “trabalho em grupo” para demonstrar que a “união faz a força”. Normalmente, como tudo nesse país musical, termina com um coro, todos de mãos dadas, cantando aquela música do Nelson Motta, “Como uma onda”. Alguns, mais sensíveis, choram nesses momentos. Quando o evento é mais longo e mais “sofrido” a música cantada é aquela do Milton Nascimento, “Amigo é coisa pra se guardar, debaixo de sete chaves, dentro do cooooooração”.

O PAD não dá em nada depois de 50 volumes, muito dinheiro e tempo desperdiçados. Mas, se o sujeito a ele submetido foi realmente muito sem noção (e sem amigos), o PAD termina numa raríssima demissão baseado na “desídia” — um dos pecados capitais da Bíblia do barnabé, a Lei 8.112. Em tempo: a justiça trabalhista reintegra o danado depois e ele ganha todos os “atrasados” corrigidos.

Mas o barnabé do RH, tal como o sujeito das rifas, é realmente evitado nas épocas de avaliação de desempenho. Época de embaraços formidáveis.

Certos barnabés concursado se parecem com o Custódio do conto machadiano, que nasceu “com a vocação da riqueza, sem a vocação do trabalho”. Com o passar do tempo, especialmente nos governos petistas, tiveram um aumento substantivo de sua remuneração (sem a odiosa contrapartida da produtividade) e, juntamente com outros servidores do mesmo nível de renda, passaram a ter “o instinto das elegâncias, o amor do supérfluo, da boa chira, das belas damas, dos tapetes finos, dos móveis raros, um voluptuoso”. Daí vieram as viagens internacionais exóticas, os vinhos do velho mundo, sobretudo. Vocês não sabem quantos especialistas em vinho existem em Brasília!

Divago. O que eu queria dizer é que esse servidor público capa preta, teto salarial altissonante e preocupado em como gastar as milhas acumuladas nos programas das companhias de aviação, vez por outra é chamado pelo barnabé do RH para ser submetido a avaliação de desempenho!

O barnabé do RH parece desconhecer que não se toca em corda na casa de enforcado. Ainda assim ele vem com um sem número de formulários e a avaliação de desempenho é realizada em toda a organização.

Há de vários tipos e formatos. Quando realizada na modalidade 360 graus, todos avaliando todos, o ritual é mais simplificado. No silêncio de suas mesas, de suas salas ou de suas “estações de trabalho”, mesmo sem terem combinado nada, um certo inconsciente coletivo funciona e (sem comemorações, apenas circunspecção) as notas recíprocas são, inevitavelmente, altíssimas.

Quando a avaliação é de cima para baixo, há uns momentos constrangedores em que a chefia é instigada pelo barnabé do RH a promover o chamado feedback (pôr os pingos nos is). O constrangimento se agiganta, pois o chefe de hoje pode ser o subordinado de amanhã. No serviço público, a roda gira.

Após alguns rodeios e rapapés, as notas de todos são, enfim, decifradas pela organização. Não passara de um susto. Depois do momento cacete e importuno gerenciado pelo barnabé do RH, todos readquirem aquela aura imaculada e certa compostura que é a gentileza do barnabé concursado.

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