Urgente: em mensagens, Dominguetti cita participação de Bolsonaro na compra das vacinas da Davati Urgente: em mensagens, Dominguetti cita participação de Bolsonaro na compra das vacinas da Davati
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Urgente: em mensagens, Dominguetti cita participação de Bolsonaro na compra das vacinas da Davati

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Wilson Lima
4 minutos de leitura 12.07.2021 22:02 comentários
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Urgente: em mensagens, Dominguetti cita participação de Bolsonaro na compra das vacinas da Davati

Em mensagens que estão no celular apreendido pela CPI da Covid e às quais O Antagonista teve acesso, Luiz Paulo Dominguetti sugere a participação do próprio Jair Bolsonaro em negociações para a compra das supostas vacinas contra a Covid que o policial militar dizia ter para vender. Em 8 de março deste ano, Dominguetti, que se dizia representante da empresa Davati, conversou com um contato identificado em seu celular como “Rafael Compra Deskartpak”...

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Wilson Lima
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Urgente: em mensagens, Dominguetti cita participação de Bolsonaro na compra das vacinas da Davati
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Em mensagens que estão no celular apreendido pela CPI da Covid e às quais O Antagonista teve acesso, Luiz Paulo Dominguetti sugere que o próprio Jair Bolsonaro participou das negociações para a compra das vacinas da Astrazeneca contra a Covid que o policial militar dizia ter para vender.

Em 8 de março, Dominguetti, que se dizia representante da empresa Davati, conversou com um contato identificado em seu celular como “Rafael Compra Deskartpak”.

As citações ao presidente da República se dão a partir das 10h05 daquele dia, quando Dominguetti reencaminhou para o interlocutor quatro mensagens que diziam no todo o seguinte: “Manda o SGS. Urgente. O Bolsonaro está pedindo. Agora”.

“SGS” é um certificado que garante que o produto — no caso, as supostas vacinas — passou por todas as etapas dos processos exigidos por órgãos reguladores.

Integrantes da CPI suspeitam que o autor dessas mensagens enviadas a Dominguetti e reencaminhadas a “Rafael Compra Deskartpak” seja o reverendo Amilton Gomes de Paula, que entrou na mira da comissão parlamentar de inquérito por ser apontado como o intermediário entre Dominguetti e o Palácio do Planalto.

Ao receber as mensagens reencaminhadas por Dominguetti, o interlocutor “Rafael Compra Deskartpak” respondeu:

“Dominghetti, agora são 5 da manhã no Texas [sede da Davati nos Estados Unidos]. E outra! Jamais será enviado uma SGS sem contrato assinado.”

O policial militar, então, escreveu:

“Vamo alinhar com reverendo.”

Ainda em 8 de março, por volta das 13h, Dominguetti pressionou o interlocutor para que fosse realizada uma reunião com o presidente da Davati nos Estados Unidos, Herman Cárdenas, e que “o Presidente chamou ele lá”.

“O reverendo está em uma situação difícil neste momento. Ofereceu a vacina no ministério. Presidente chamou ele lá”, escreveu o policial militar.

Em seguida, Dominguetti insistiu:

“O presidente tá apertando o reverendo. Ele.ta ganhando tempo. Tem um pessoal da presidência lá para buscar o reverendo.”

“Rafael Compra Deskartpak” voltou a dizer que está cobrando os documentos dos representantes da Davati. Em seguida, Dominguetti desabafou em mensagem de áudio:

“Entendi, Rafael, só que igual eles falaram. A gente prometeu que ia mandar essa SGS e depois ele assinariam a FCO [Full Corporate Offer – oferta oficial]. E já mandaram e-mail desde manhã. Se a gente já tivesse falado essa tratativa mais cedo, a gente já tinha alinhado com o presidente ou alguma coisa nesse sentido. Na cabeça do reverendo, a carga é dele, a declaração foi dele, os emails foram trocados com ele e ele está diretamente com o presidente da República, né?. A situação dele é uma situação difícil, porque já mandaram ele lá. Estão ligando direto do gabinete da presidência, né? O Herman deve ter a sensibilidade de fazer as coisas fluir com ele. Porque a gente deixar nessa situação aí de ‘ah, só mando se mandar uma coisa assinada’ é complicado.”

Dominguetti acrescentou, no mesmo áudio:

“Porque as tratativas foram diferentes, ontem foram diferentes, agora cedo diferente e agora que o presidente manda buscar ele lá, vai se mudar. A gente tem que achar uma maneira de se resolver isso nos próximos minutos aí, com o Herman ou por o Herman pra conversar com ele, porque essa SGS é o que vai fazer o presidente tomar essa decisão. Porque até agora a Davati não falou que tem carga nenhuma. E a situação do reverendo tá muito difícil nesse momento.”

Ouça o áudio na íntegra:

Naquele 8 de março, o reverendo Amilton Gomes de Paula escreveu uma carta ao CEO da Davati nos Estados Unidos, pedindo, com a máxima urgência, uma cópia do certificado “SGS” uma imagem da carta também aparece nas mensagens do celular apreendido com Dominguetti.

Como já noticiamos, nos dias seguintes, Dominguetti citou em mensagens uma nova reunião com o presidente da República, que também teria sido articulada pelo reverendo Amilton Gomes de Paula, fora da agenda oficial de Bolsonaro.

Nesta segunda-feira, o reverendo Amilton apresentou um atestado médico para não comparecer à CPI na próxima quarta-feira. O presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD), disse que vai esperar a validação do atestado antes de reagendar o depoimento.

Existe uma empresa, com matriz em São Paulo e fábrica em Ilhota (SC), chamada Descarpack (e não Deskartpak, como está no celular de Dominguetti) especializada em produtos descartáveis das áreas hospitalar e farmacêutica.

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Wilson Lima

Wilson Lima é jornalista formado pela Universidade Federal do Maranhão. Trabalhou em veículos como Agência Estado, Portal iG, Congresso em Foco, Gazeta do Povo e IstoÉ. Acompanha o poder em Brasília desde 2012, tendo participado das coberturas do julgamento do mensalão, da operação Lava Jato e do impeachment de Dilma Rousseff. Em 2019, revelou a compra de lagostas por ministros do STF.

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