Brasil só melhorou a retórica na COP-26 Brasil só melhorou a retórica na COP-26
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Brasil só melhorou a retórica na COP-26

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Carlos Graieb
3 minutos de leitura 01.11.2021 19:56 comentários
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Brasil só melhorou a retórica na COP-26

Durou pouquíssimo o otimismo com as metas anunciadas pelo Brasil na COP-26 para a redução das emissões de gases de efeito estufa. E será uma surpresa se, nos próximos dias, os negociadores brasileiros tirarem da cartola um programa detalhado de como o Brasil pretende atingir as metas com que se comprometeu —um avanço que  talvez aumentasse a boa vontade com o país...  

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Brasil só melhorou a retórica na COP-26
Reprodução/Youtube/Planalto

Durou pouquíssimo o otimismo com as metas anunciadas pelo Brasil na COP-26 para a redução das emissões de gases de efeito estufa. 

Na manhã de hoje, o ministro do Meio Ambiente Joaquim Leite (foto) disse que até 2030 o país se compromete a cortar suas emissões em 50%. Acrescentou que até 2050 o país pretende alcançar a neutralidade em carbono.

Os especialistas observaram imediatamente que o ministro não mencionou quais seriam os valores de base para a redução e desenharam alguns cenários. 

No mais benevolente para com as intenções do governo, são empregados os números  do Quarto Inventário Nacional de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa, divulgados em agosto pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. 

Feitas as contas, Bolsonaro promete entregar até 2030 exatamente o mesmo que Dilma Rousseff havia prometido em 2015. Nenhuma fração a mais. 

Caso os cálculos partam de uma base de dados anterior, de dezembro de 2020, os resultados são ainda menos ambiciosos. 

Será uma surpresa se, nos próximos dias, os negociadores brasileiros tirarem da cartola um programa detalhado de como o Brasil pretende atingir as metas com que se comprometeu. Esse seria um avanço, e talvez aumentasse a boa vontade com o país.

O mais provável é que o time brasileiro insista tão somente no objetivo anunciado pelo chanceler Carlos França em um artigo que publicou ontem: garantir que “os fluxos financeiros necessários para o combate à mudança do clima sejam acessíveis, previsíveis e adequados às necessidades dos países mais vulneráveis”. 

É a mesma meta perseguida pelo antecessor de Joaquim Leite no Ministério do Meio Ambiente, o inesquecível Ricardo Salles. Em abril deste ano, ele mostrou a um grupo incrédulo de americanos a imagem de um cachorro cobiçando os frangos de um forno de padaria —e disse que esse era o estado de espírito do Brasil, olhando para os recursos de que o mundo rico dispõe para cuidar do meio ambiente. 

O Brasil quer dinheiro. A única coisa que melhorou foi a retórica. 

Salles dizia que, sem dinheiro estrangeiro, não haveria compromisso nenhum do governo com a redução do desmatamento. Por enquanto, ninguém foi tão brusco na COP-26.

A mensagem em vídeo enviada por Bolsonaro foi atípica, praticamente civilizada. “Vamos agir com responsabilidade, buscando soluções reais para uma transição que se faz urgente”, disse ele, seguindo um roteiro que certamente não passou pelas garras de Carluxo ou Bananinha

Se tudo prosseguir assim, o Brasil não vai parecer mais sério, nem mais comprometido com as questões climáticas ao fim da COP-26. Com sorte, deixará de ser visto como o sequestrador da Amazônia, que ameaça matar a floresta se não lhe pagarem resgate. 

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Carlos Graieb

Carlos Graieb é jornalista formado em Direito, editor sênior do portal O Antagonista e da revista Crusoé. Atuou em veículos como Estadão e Veja. Foi secretário de comunicação do Estado de São Paulo (2017-2018). Cursa a pós-graduação em Filosofia do Direito, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

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